No dia 28 de Setembro, na sala de Doutoramento em Ciências Sociais, antigo edifício da Escola Grande, no Plateau, foi realizada uma palestra subordinada ao tema "O Microcrédito para a agricultura familiar” ministrada pelo professor Economista Eduardo Ernesto Filippi, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil.
A palestra, organizada pelo Núcleo de Investigação em Desenvolvimento Rural Sustentável NIDRS/UNI-CV, em colaboração com a DGASP (Direção Geral da Agricultura, Silvicultura e Pecuária) e a Escola de Ciências Agrárias e Ambientais da Universidade de Cabo Verde, contou com a participação de docentes e alunos da UNI-CV, representantes da DGASP e da DGA (Direção Geral do Ambiente), representante da Instituição Microcrédito City Habitat, entre outros participantes.
Segundo o Professor Filippi, este tema está enquadrado no plano de construção de novas alternativas para o financiamento da agricultura, Microcrédito e Microfinanciamento e Cabo Verde é privilegiado ao pensar no desenvolvimento rural pois possui semelhanças idênticas com países onde a questão de microcrédito foi bem tratada e, hoje, esses países servem de modelo.
Quando se trata de microcrédito e microfinanciamento, temos que ter a perceção que todas as atividades desenvolvidas no microcrédito não são atividades que interessam aos bancos privados.
A questão é que o banco tem um papel a desempenhar que não é o microcrédito, portanto os grupos interessados no microcrédito devem fazer algo autónomo e, despois do sucesso alcançado, apresentar o mesmo aos bancos com o objetivo de se adquirir esse microcrédito.
O Banco dos pobres é um caso interessante que pode servir de exemplo para Cabo Verde porque tanto o Bangladesh como o Nepal sofrem de épocas prolongadas de secas, o que os assemelha a Cabo verde.
A questão não é esperar que o Estado intervenha mais sim mostrar ao Estado o sucesso desse microcrédito.
No que concerne à agricultura para o desenvolvimento, segundo o Banco Mundial, em muitos países a agricultura serve de base para o crescimento e para a redução da pobreza.
A globalização, os fluxos financeiros e a crise de 2008, a crise económica mundial tem um efeito direto na economia de Cabo Verde, porque dependemos da remessa de imigrantes e, em situações de crise, o estrangeiro é o primeiro a ser penalizado pois é o primeiro a perder o emprego, e com isso ele perde a possibilidade de enviar remessas para Cabo Verde.
No debate que sucedeu a palestra, foram abordadas algumas questões relacionadas com as taxas de juros do microcrédito, consideradas elevadas, e a hidroponia.