Os desempregados e jovens licenciados são quem mais procuram financiamento.
A crise económica e financeira está a levar muitos desempregados a encontrar solução para as suas vidas criando o seu próprio negócio. Mas estes não são os únicos a pretenderem dar uma volta de 180 graus, já que são cada vez mais os jovens licenciados que procuram esta solução também para se lançarem no mundo dos negócios. Os principais bancos têm apostado nestes produtos. O Millennium bcp de uma assentada anunciou mais de 20 milhões de euros financiados através do microcrédito, bem como a adesão ao European Progress Microfinance Facility (Progress Microfinance). Com esta iniciativa, o banco liderado por Nuno Amado torna-se o primeiro banco em Portugal a ter acesso a este mecanismo, que visa garantir operações de microcrédito apoiando microempreendedores e a criação de auto--emprego.
Aliás, o banco em Agosto já tinha apoiado 190 projectos, com um volume de financiamento associado de 2,2 milhões de euros e com capacidade de criarem 270 novos empregos. Um valor que já é muito idêntico ao registado nos últimos dois anos, segundo números facultados pela instituição financeira. Em 2009, foram emprestados dois milhões de euros, e no ano passado 2,19 milhões com 226 e 213 projectos aprovados, respectivamente.
Helena Mena, responsável pelo departamento de microcrédito do Millennium bcp, questionada sobre o perfil dos candidatos, é peremptória ao afirmar que "41% são de pessoas em situação de desemprego". Mas a mesma responsável não deixa de assinalar um interesse crescente dos jovens finalistas e licenciados universitários. "Os recém-licenciados sentem a necessidade de criar o seu próprio posto de trabalho, investindo em projectos inovadores e consentâneos com a sua formação e habilitações. Sem acesso a crédito na banca tradicional, têm no microcrédito a solução para o desafio que enfrentam ao entrar no mercado de trabalho", salienta Helena Mena. E quanto ao tipo de negócios que estão a criar maior apetência pelos novos empreendedores? Os números são bem elucidativos, ao descreverem que o pequeno comércio a retalho e restauração como os mais significativos ao ultrapassarem mais de 47% do total.
Em relação ao custo do dinheiro, Helena Mena, sem relevar uma taxa média, chama a atenção para o serviço que é prestado pela instituição, que passa pelo "acompanhamento permanente ao microempreendedor, desde o primeiro momento até ao final do contrato de financiamento". Contudo, a responsável reconhece que se trata de "um segmento com um risco de crédito bastante elevado".
Trabalho publicado na edição de 11 de Outubro de 2012 do Diário Económico