As organizações que oferecem microcrédito produtivo orientado – ou seja, que emprestam dinheiro para pessoas que têm pequenos negócios formais ou informais e que têm dificuldades em acessar recursos no sistema financeiro tradicional –, atendem hoje no Brasil cerca de 170 mil empreendedores, com volume de R$ 340 milhões em empréstimos.
O montante emprestado, apesar de ser alto, poderia ser muito maior. Isso porque essas instituições do setor, que são Oscips (Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público), assinalam que há dificuldade de captação de recursos.
Para o presidente da Abicred (Associação Brasileira de Instituições de Microcrédito), Almir da Costa Pereira, que também preside o BPCS (Banco do Povo Crédito Solidário) de Santo André, o modelo jurídico da atividade no Brasil precisa evoluir para que haja mais recursos para atender os empreendedores das classes baixas. Demanda existe: o Brasil possui 10 milhões de pessoas à margem do mercado bancário, de acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Pereira participa hoje de evento em Brasília, que vai debater como é possível dar impulso ainda maior ao segmento no País. Ranking publicado pela revista The Economist mostra que o Brasil, apesar de ter uma das maiores economias do mundo e um sólido sistema bancário, ocupa apenas a 16ª posição na distribuição de crédito para a população mais pobre. Fica atrás de Peru e Bolívia, por exemplo.
Entre as opções para melhorar a captação estão incentivos fiscais e ter custos mais adequados, avalia Pereira. Hoje o BPCS, por exemplo, capta de bancos privados a 1,4% ao mês e do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) a TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo), hoje em 5% ao ano, mais 0,9% ao ano.
A instituição sediada na região empresta a 3,9% ao mês, mas Pereira explica que essa taxa tem esse patamar porque é preciso bancar sua estrutura (sistemas, equipamentos, instalações e funcionários). Esses juros são menores do que a média de 7% do crédito pessoal de financeiras, mas mais altos do que 0,5% ao mês do Banco do Povo Paulista (ligado ao governo do Estado). Porém, o dirigente explica que a Oscip atende quem é informal e até quem tem restrições cadastrais.
Fonte: Diário do Grande ABC